RIE34 S2

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O IMPACTO DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL DO ENFERMEIRO NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS EM ENFERMAGEM
THE IMPACT OF NURSES’ PERSONAL DEVELOPMENT ON NURSING CARE PROVISION
EL IMPACTO DEL DESARROLLO PERSONAL DE LAS ENFERMERAS EN LA PROVISIÓN DE CUIDADOS DE ENFERMERÍA
David Filipe Pires de Santa-Cruz; Diogo Ferreira de Almeida; Ricardo Miguel Jorge César; Rosa Cristina Correia Lopes

DEPENDÊNCIA DE ECRÃ E SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA NOS ADOLESCENTES - Revisão Integrativa da Literatura
DEPENDENCIA DE PANTALLA Y SINTOMATOLOGÍA DEPRESIVA EN ADOLESCENTES - Revisión de la literatura integrativa
DEPENDENCIA DE PANTALLA Y SINTOMATOLOGÍA DEPRESIVA EN ADOLESCENTES - Revisión de la literatura integrativa
Pedro Francisco Veiga Santos; Afonso Caetano Silva Gomes; Cândida Rosalinda Exposto Costa Loureiro

PRESENÇA DOS PAIS NAS UNIDADES DE NEONATOLOGIA PORTUGUESAS DURANTE A PANDEMIA COVID-19
Parents’ presence in Portuguese neonatology units during the COVID-19 pandemic
Presencia de los padres en las unidades de neonatología portuguesas durante la pandemia
Elsa Silva; Jorge Apóstolo

PERCEÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DA PESSOA ADULTA COM ESTRABISMO, ANTES E APÓS A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA DE CORREÇÃO DO ESTRABISMO
PERCEPTION OF THE QUALITY OF LIFE OF THE ADULT PERSON WITH STRABISMUS, BEFORE AND AFTER STRABISMUS CORRECTION SURGERY
PERCEPCIÓN DE LA CALIDAD DE VIDA DE LA PERSONA ADULTA CON ESTRABISMO, ANTES Y DESPUÉS DE LA CIRUGÍA DE CORRECCIÓN DEL ESTRABISMO
Joana Sofia Peixoto Henrique; Sara Mendes de Azevedo; Amorim Rosa; José Carlos Santos

CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA DA GRÁVIDA COM DIABETES GESTACIONAL
KNOWLEDGE, TRAINING AND QUALITY OF LIFE OF PREGNANT WOMEN WITH GESTATIONAL DIABETES
CONOCIMIENTO, FORMACIÓN Y CALIDAD DE VIDA DE EMBARAZADAS CON DIABETES GESTACIONAL
Ana Isabel Ferreira Gomes

EDITORIAL
A pandemia gerada pela Covid19 tem provocado, a nível mundial, uma complexidade de desafios aos sistemas de saúde, sociais, educativos e económicos, talvez nunca vivenciados desde a 2ª Guerra Mundial. Particularmente, no que diz respeito aos cuidados de saúde, percebemos todos que a situação tem sido muito crítica com enfoque na chamada 3ª vaga, em que, a nível europeu, Portugal “roubou” em números relativos de casos infetados e mortes, o 1º lugar a países como Itália e Espanha, fortemente penalizados na 1ª vaga. Globalmente, toda a população está a vivenciar uma situação verdadeiramente dramática e de consequências ainda imprevisíveis, com parte significativa dos países mais desenvolvidos em (quase) rotura completa dos sistemas de saúde nacionais, colocando em elevado risco a assistência necessária aos cidadãos afetados pelo vírus, mas, também, às restantes necessidades em cuidados “não Covid”, uma vez que os recursos disponíveis estão a ser, significativamente, absorvidos para responder à pandemia. Apesar de estarmos todos alertados para esta 3ª vaga, à priori, a forma alarmante como está a decorrer, parecia algo inesperado e pouco previsível, dada a expetável aquisição de maior experiência e conhecimento, entretanto acumulado ao longo do tempo por parte dos responsáveis políticos, cientistas, profissionais de saúde e população no geral.
Todavia, razões multifatoriais têm concorrido para que a atual situação seja quase insustentável. Entre elas, a natureza da transmissão do vírus (com predomínio da via respiratória), o ainda insuficiente conhecimento da doença por parte da comunidade científica, a mobilidade dos cidadãos entre regiões e países, o contacto inevitável entre pessoas promovendo maior contágio e as decisões políticas nem sempre as mais assertivas. Todos estes fatores levam, na verdade, a que a população tenha de adotar sistematicamente um conjunto de comportamentos para prevenir a propagação da doença e que requer grande responsabilidade individual e coletiva. No entanto, a insuficiente ou mesmo falta de consciencialização de parte significativa dos cidadãos sobre as consequências para a sua saúde, caso o sistema de saúde entre em colapso num determinado momento, o expectável cansaço dos cidadãos motivado pelas restrições de saúde pública de longa duração às suas rotinas de vida diárias, tem gerado baixos níveis de resiliência e incremento de problemas de saúde mental por motivo da restrição abrupta à interação social. Aspetos importantes igualmente a ter em conta são a ansiedade e o medo devido às (ainda) imprevisíveis sequelas da doença a médio/longo prazo nos “sobreviventes”, a diminuição dos rendimentos das famílias devido ao aumento exponencial do desemprego, bem como o acesso à educação por parte das famílias mais desfavorecidas, claramente comprometido, pode contribuir para o aprofundamento das desigualdades sociais.
Devido à situação que estamos a experienciar, nunca como nos tempos atuais, os enfermeiros foram tão valorizados socialmente, apesar de, ainda, não serem chamados aos grandes palcos mediáticos da comunicação social para, num contexto interprofissional, partilharem os seus saberes e a sua experiência em relação à problemática da pandemia. Verificamos que esta participação é muito residual! Apesar desta enorme injustiça…é pena! É pena que os enfermeiros só sejam valorizados pela sociedade numa situação pontual de doença aguda e de grande impacto a nível mundial, mesmo que tenha as consequências tão gravosas que todos nós estamos a vivenciar. Isto só demonstra que os enfermeiros ainda não foram capazes de dar a conhecer à sociedade e, daí, adquirir o reconhecimento social merecido, sobre as dimensões da saúde dos cidadãos em que fornecem cuidados que resultam de decisões clínicas da sua área autónoma de intervenção no contexto interprofissional em que decorrem os cuidados de saúde. Apesar desta (aparente) atual maior valorização, temo que passada esta crise, os enfermeiros voltem a ser esquecidos e (re)colocados, injustamente, num lugar que não merecem, comparativamente a outros profissionais de saúde. É pena…

Fernando Petronilho, enfermeiro, PhD, professor adjunto ESE UMinho