Revista Investigação Enfermagem nº21

Fevereiro de 2010

 

 

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Sumário:

Editorial: AUTOCUIDADO, TRANSIÇÕES E BEM-ESTAR
Paulo Joaquim Pina Queirós

A comunicação enfermeiro-doente como estratégia para alívio do sofrimento na fase terminal da vida: um a revisão da literatura
Ana Isabel Gouveia de Almeida; Carmen Sofia Pinto Ferreira; Margarida Medeiros Cordeiro Lança; Mariana Catarina da Silva Rodrigues; César João Vicente da Fonseca; Teresa Rebelo

Inventário de comportamentos de cuidar
Luís Manuel de Jesus Loureiro; Ricardo Jorge de Oliveira Ferreira; Isabel Maria Fernandes

MOBBING: Assédio Moral em Contexto de Enfermagem
Guilhermina Dias Carvalho

A transição dos membros da família para o exercício do papel de cuidadores quando incorporam membro dependente no autocuidado: uma revisão da literatura
Fernando Alberto Soares Petronilho

A PESSOA DOENTE E DEPENDENTE: DO HOSPITAL AO DOMICÍLIO
Maria Clarisse Carvalho Martins Louro

ACOLHER EM CASA O UTENTE DEPENDENTE COM AFECÇÃO NEURO CIRÚRGICA: VIVÊNCIAS DA FAMÍLIA/ PESSOA SIGNIFICATIVA
Ana Filipa Bentes Pinto; Márcia Isabel Sardinha Carranca; Marta Alexandra Ribeiro Brites

Quais as informações que os enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação, consideram essenciais para incluir nas cartas de alta/transferência hospitalar dos doentes portadores de patologia neurodegenerativa e, que são reinseridos na comunidade?
Ana Maria Ferreira da Silva; Márcio Daniel Silva; Marta Luísa Monteiro Rocha; Paula Maria Topa

A EFECTIVIDADE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM: MODELOS DE ANÁLISE
António Fernando Salgueiro Amaral

 

EDITORIAL

Autocuidado, transições e bem-estar

É inerente ao ser humano a capacidade de autocuidar, ou seja de cada um se cuidar a si próprio, o que pressupõe um grau de autonomia. Esta capacidade de autocuidado organiza-se, estrutura-se ao longo do processo de desenvolvimento, no ciclo vital, desde a vida intra-uterina. Este autocuidado é universal, no sentido de que não se restringe às actividades da vida diária, nem às actividades instrumentais da vida diária, mas é abrangente de todos os aspectos vivenciais. Há medida que nos desenvolvemos vamos adquirindo competências que permitem a nossa autonomização.

Autocuidado universal (Dorothea Orem, 1987), no sentido que a autora lhe atribui, pode ser considerado - autocuidado natural - existe para suprir, satisfazer, necessidades inerentes ao processo de vida ao longo do ciclo vital. Às necessidades de autocuidado, os humanos respondem naturalmente de acordo com o estadio de desenvolvimento, recursos pessoais e sociais e exigências do meio. Quando os recursos existentes não permitem a auto-satisfação dessas necessidades, a capacidade de autocuidado diminuí e surge a exigência de autocuidado terapêutico, tornando-se imperioso a ajuda de terceiros, os agentes, que fornecem autocuidado (suplementar, supletivo). Esses agentes podem ser informais ou profissionais organizados para o cuidar e então estaremos em presença de agentes de autocuidado terapêutico.

Ao longo do ciclo vital, oscilamos nas necessidades de autocuidado, nas capacidades autónomas da sua satisfação e nas necessidade de apoio dos agentes de autocuidado quando pelas mais diversas razões, nos processos de transição, se altera a nossa condição ou a do meio, e da autonomia caminhamos para a dependência.

Para Söderhamn (2000) a capacidade de adquirir, de ter, ou de recuperar o autocuidado, por acção própria ou de terceiros, acontece de forma faseada. Primeiro o autocuidado estimativo, onde as pessoas primeiro tem de adquirir a capacidade de identificação do que necessitam para recuperar a autonomia (fazer uma estimativa), depois o autocuidado transitivo onde é possível identificar as várias opções para a aquisição ou recuperação do autocuidado e escolher uma delas. Sendo que a identificação das necessidades e a escolha do caminho a seguir, ainda não é suficiente para uma capacidade de autocuidado plena. O que na opinião de Söderhamn (2000), só se concretiza na fase seguinte, no autocuidado produtivo, onde existe a capacidade real de autocuidado, onde é demonstrada a capacidade da pessoa se cuidar.

O nosso percurso vivencial é um continuum que se estrutura em mudanças, entendidas como transições, que segundo Schlossberg, (1981), são acontecimentos ou não acontecimentos (algo que se tinha a expectativa e que não se concretiza) mas que provocam mudança. Trata-se de um processo no qual entramos, consciente ou inconscientemente, acidental ou naturalmente, o vivemos (adaptando-nos ou não nos adaptando) e saímos. As transições colam-se ao processo de vida, fazendo dele parte, e podem ser de vários tipo.

Para Meleis (2004), mudança de papéis, organizacionais, de estado de saúde, evolutivas no ciclo vital. Os processos de transição implicando mudança, podem necessitar da intervenção dos agentes de autocuidado terapêutico no sentido de facilitar, ajudar a superar défices temporários ou permanentes, proporcionar o retorno ao autocuidado natural. Os agentes de autocuidado terapêutico disponibilizam acções de autocuidado - acções deliberadas -, (suprimindo défices) e educação terapêutica (facilitando informação e formação) com vista à autonomização e o retorno ao autocuidado.

Sendo as transições um processo de mudança, que implica adaptação, pode ser olhado à luz do processo de adaptação de Calista Roy (1981), no que concerne aos resultados como transições eficazes ou ineficazes, onde os sujeitos desempenham uma transição de papel eficaz (ou efectiva) ou uma transição de papel ineficaz (Nuwaghid in Roy, C. et al. 1981).

É assim que Meleis (2004) refere o papel de enfermagem como o facilitador dos processos de transição com vista ao bem-estar.

O nosso percurso existencial, o nosso processo de desenvolvimento desde a concepção à morte – o ciclo vital, sendo um continuum, desenvolve-se em espiral procurando sempre o equilíbrio nas várias transições com vista ao bem-estar. O bem-estar é a finalidade suprema da nossa vida, sendo mais do que a saúde é algo que deve ser encarado como objecto de atenção dos cuidadores informais e formais, dos agentes de autocuidado terapêutico. O bem estar é mais do que a saúde só por si, já que esta deixou de ser o verso com o reverso doença.

Puderemos ler nos contributos de Antonovsky (1985), no Modelo Salutogénico, a consideração da saúde e da doença como pólo opostos de um segmento de recta onde se desloca um cursor (o bem-estar) uma vez mais num sentido outras vezes mais noutro sentido. Bem-estar finalidade última dos enfermeiros, que encarado desta forma não comporta novidade de maior, já que o atendimento para uma morte serena e a assistência a doentes crónicos, não são mais do que ir ao encontro dessa finalidade. Procuramos que os doentes crónicos tenham bem-estar (já que quantas vezes é impossível a recuperação da saúde), procuramos proporcionar uma morte digna sem sofrimento físico e psicológico ou seja em bem-estar.

O bem-estar enquanto conceito tem sido abordado por diferentes perspectivas disciplinares assumindo diferentes aspectos e designações: Bem-estar geral, bem-estar social, bem-estar económico, bem-estar físico, bem-estar subjectivo, bem-estar espiritual, bem-estar psicológico.

Não é tanto estas várias formas de bem-estar por si que nos interessa, interessam todas enquanto forem necessidade sentida pelo sujeito de autocuidado, objecto de autocuidado terapêutico nos vários processos de transição.

Autocuidado, transições e bem-estar constituem-se em conceitos centrais para a enfermagem, se quisermos conceitos operatórios, na exacta medida em que permitem leituras teóricas integrativas daquilo que fazemos enquanto enfermeiros, das nossas práticas clínicas. A concepção e o desenvolvimento das práticas clínicas de enfermagem passa pela teorização que mais não é que enquadrar conceptualmente o que fazemos para sobre ele reflectir, avaliar e inovar. Por aqui passa o desenvolvimento disciplinar.

Autocuidamo-nos para a satisfação de necessidades e quando não somos capaz de nos adaptarmos nos vários processos de transição, necessitamos de autocuidado terapêutico para nos ajudar nesses mesmos processos, fornecido por agentes de autocuidado com acções deliberadas, adquirindo autocuidado estimativo, autocuidado transitivo e por fim autocuidado produtivo, com vista à recuperação do bem-estar.

E assim se vai fazendo também a enfermagem.

 

Continuemos…

Paulo Queirós

 

 


 

A COMUNICAÇÃO ENFERMEIRO-DOENTE COMO ESTRATÉGIA PARA ALÍVIO DO SOFRIMENTO NA FASE TERMINAL DA VIDA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

 

Ana Isabel Gouveia de Almeida
Estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESEL

Carmen Sofia Pinto Ferreira
Estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESEL

Margarida Medeiros Cordeiro Lança
Estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESEL

Mariana Catarina da Silva Rodrigues
Estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem da ESEL

César João Vicente da Fonseca
Enfermeiro Graduado CHLN, Assistente na ESEL, Mestre em Comunicação e Saúde, Investigador na UI&DE.

Teresa Rebelo
Professora-Coordenadora da ESEL e Investigadora da UI&DE

 


Resumo

O presente artigo consiste numa revisão sistemática da literatura, centrada na temática das necessidades de comunicação dos doentes em fim de vida e seus familiares como forma de diminuir o sofrimento dos mesmos.

Objectivo: Identificar as principais necessidades de comunicação dos doentes em fase terminal e seus familiares, bem como compreender de que forma a comunicação pode ser uma estratégia para o alívio do sofrimento.

Metodologia: Para a elaboração do presente trabalho utilizámos a metodologia PI[C]OD e foram seleccionados 8 artigos de investigação, de uma amostra inicial de 110, retirados da ProQuest e EBSCO.

Resultados: As necessidades principais do doente terminal e da sua família são a gestão da dor e do sofrimento, bem como a necessidade da comunicação, como sendo um contributo para o alívio do sofrimento.

Porém, a necessidade de comunicação nem sempre é valorizada ou satisfeita correctamente, visto que muitos enfermeiros sentem dificuldades em comunicar com os doentes e suas famílias nesta fase do ciclo de vida.

Conclusões: Através da realização desta revisão sistemática da literatura foi-nos possível perceber que os enfermeiros deveriam desenvolver e aprofundar as suas competências comunicacionais, de forma a responder às necessidades dos doentes e suas famílias. Concluímos ainda que a comunicação no âmbito dos cuidados paliativos deve ser a base da relação enfermeiro-doente, de forma a promover o alívio do sofrimento e uma morte digna.

Palavras-chave: Cuidados paliativos, Enfermagem, Comunicação e Intervenções autónomas.

 


 

INVENTÁRIO DE COMPORTAMENTOS DE CUIDAR

Luís Manuel de Jesus Loureiro

Professor na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Ricardo Jorge de Oliveira Ferreira
Mestre em Sociopsicologia da Saúde; Doutorando em Ciências de Enfermagem

Isabel Maria Fernandes
Mestre em Sociopsicologia da Saúde; Doutoranda em Ciências de Enfermagem

 

Resumo

Neste artigo apresenta-se a tradução e adaptação do Inventário de Comportamentos de Cuidar (ICC), realizada a partir do Caring Behaviors Inventory de Wolf et al. (1994). O estudo realizado numa amostra de 348 enfermeiros mostra que o instrumento apresenta índices de fidelidade considerados bons como validade de construto e poder discriminativo, pelo que poderá ser utilizado como uma medida dos comportamentos de cuidar na investigação em Enfermagem. A versão final é constituída por 30 itens, abrangendo quatro dimensões do cuidar: Investimento compreensivo e técnico; Disposição e atenção positiva ao doente; Investimento comunicacional e Investimento ético.

Palavras-chave: Cuidados paliativos, Enfermagem, Comunicação e Intervenções autónomas.

 


 

 

MOBBING: ASSÉDIO MORAL EM CONTEXTO DE ENFERMAGEM

Guilhermina Dias Carvalho
Enfermeira Graduada do CHNE, EPE – Unidade Hospitalar de Bragança (Bloco Operatório); Docente no ISLA de Bragança; Doutorada em Psicossociologia da Comunicação pela Universidade de Extremadura.

 

Resumo

Este estudo pretendeu avaliar o impacto do mobbing (assédio moral ou assédio psicológico) em contexto de enfermagem relativamente à sua frequência, intensidade e efeito. Com isto, pretendeu-se dar visibilidade ao tema, para melhor documentá-lo e por conseguinte, melhor compreendê-lo. Um dos objectivos deste trabalho consistiu em traduzir, adaptar e validar uma escala: a LIPT 60 (Leymann Inventory of Psychological Terrorization - versão modificada) a uma população portuguesa de enfermeiros em contexto hospitalar.

Procedeu-se a um estudo quantitativo, de carácter correlacional, de natureza transversal. A amostra foi por conveniência, constituída por enfermeiros de várias Instituições Hospitalares (n=399) de uma região do norte do país. O questionário foi o instrumento de recolha de dados escolhido. A estatística descritiva e inferencial foi utilizada para o tratamento de dados, que foram tratados em SPSS (11.0).

Dos resultados obtidos, a grande maioria dos enfermeiros em estudo experienciou níveis baixos de mobbing no seu contexto de trabalho. Cada enfermeiro experimentou, em média, 11 condutas de mobbing no seu local de trabalho, com um efeito e uma intensidade reduzida (0,24 e 1,32, respectivamente). As condutas mais experienciadas visam o Bloqueio à Comunicação e o Desprestígio Laboral. Dos enfermeiros que têm consciência de que já foram ou são vítimas de mobbing no seu local de trabalho, a duração das condutas foi inferior a 5 anos e aconteceram várias vezes por mês e por ano. Como causas, apontaram a solidariedade com os outros colegas e a má gestão dos conflitos, sendo o mobbing experienciado por estes do tipo horizontal (de colegas para colegas).

 

Palavras-chave: Mobbing; Assédio Moral; Enfermagem; Psicoterror Laboral; Violência psicológica; Vítima; Agressor; Perversidade.

 


 

A TRANSIÇÃO DOS MEMBROS DA FAMÍLIA PARA O EXERCÍCIO DO PAPEL DE CUIDADORES QUANDO INCORPORAM UM MEMBRO DEPENDENTE NO AUTOCUIDADO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Fernando Alberto Soares Petronilho
Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação; Mestre em Ciências de Enfermagem – ICBAS; Doutorando em Enfermagem – Universidade de Lisboa e Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem - Universidade do Minho.

 

Resumo

O estudo que apresentamos reporta-se a uma revisão sistemática da literatura, como metodologia de investigação.
Teve como objectivo descrever o conhecimento produzido acerca do fenómeno da transição dos membros da família para o exercício do papel de cuidadores quando estes incorporam no seu seio um membro dependente no autocuidado. Foi utilizado o método PICOD para a análise, avaliação e síntese da evidência empírica a incluir neste estudo. Os achados finais resultam da análise de 18 artigos (quer de perfil qualitativo, quer de perfil quantitativo), dos quais, 15 são primários e 3 são de revisão da literatura. Foram encontrados 4 temas centrais: 1) o regresso a casa; 2) as fases da transição e suas necessidades; 3) a intervenção da rede de suporte e, 4) a sobrecarga no exercício do papel. As principais conclusões desta pesquisa demonstram que o padrão de recursos disponíveis aos familiares cuidadores é determinante para uma transição saudável no exercício do seu papel face à necessidade de cuidar do membro dependente no autocuidado.

Palavras-chave: Familiar cuidador; transição; recursos disponíveis; intervenções de enfermagem.

 


 

A PESSOA DOENTE E DEPENDENTE: DO HOSPITAL AO DOMICÍLIO

Maria Clarisse Carvalho Martins Louro
Professora Adjunta na Escola Superior de Saúde – Instituto Politécnico de Leiria. Mestre em Ciências da Enfermagem. Doutoranda em Ciências da Enfermagem, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto

 

Resumo

Com o envelhecimento das populações, aumenta a duração da dependência emergindo novas necessidades de cuidados, com novos desafios a colocarem-se à pessoa, aos sistemas de saúde, que ainda não se organizaram para darem respostas a estas necessidades Método: estudo descritivo-correlacional.

Resultados: No momento da alta 44,8%dos doentes apresenta uma dependência moderada, 29,2% total. Manifestam receios de irem Depender de Terceiros, nas Recaídas e na Falta de condições. As principais necessidades no domicílio prendem-se com a falta de cuidados de saúde; a rede social é fraca e os receios um mês depois não foram ultrapassados.

Justificam-no com: falta de recuperação e isolamento. Quanto à idade e a autoavaliação do estado de saúde verifica-se uma correlação moderada positiva, e estatisticamente muito significativa.

Conclusões Só num paradigma de conjugação de responsabilidades e de parcerias, se promove o cuidar no domicílio.

Palavras-chave: Doença, Dependência, Domicilio, Cuidados de saúde.

 


 

 

ACOLHER EM CASA O UTENTE DEPENDENTE COM AFECÇÃO NEUROCIRÚRGICA: VIVÊNCIAS DA FAMÍLIA/ PESSOA SIGNIFICATIVA

Trabalho premiado pela Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde, Ministério da Saúde P.I. nº 7/2007

Ana Filipa Bentes Pinto
Pós-graduada em Cuidados Paliativos, Enfermeira Graduada - Centro Hospitalar de Lisboa Central (Hospital S. José) - Serviço de Neurocirurgia.

Márcia Isabel Sardinha Carranca
Pós-graduada em Cuidados Paliativos, Enfermeira Graduada - Centro Hospitalar de Lisboa Central (Hospital S. José) - Serviço de Neurocirurgia.

Marta Alexandra Ribeiro Brites
Licenciada em Enfermagem. Enfermeira no Centro Hospitalar de Lisboa Central (Hospital S. José) - Serviço de Neurocirurgia.

 

Resumo

Perante a imprevisibilidade das altas hospitalares, cada vez mais precoces, a preparação para alta que é feita aos cuidadores informais de utentes dependentes do foro neurocirúrgico é redutora, conduzindo à necessidade, muitas vezes abrupta, de assumirem papéis para os quais não estão preparados.

Assim, o objectivo geral deste estudo é compreender como é que a família/pessoa significativa vivenciou o regresso a casa do doente dependente com afecção neurocirúrgica. A metodologia utilizada neste trabalho foi a qualitativa, através da realização de 7 entrevistas semiestruturadas e a análise dos dados segundo o método de Análise de Conteúdo de Bardin.

Após a realização do estudo pudemos concluir que a ausência de preparação para alta e de alternativas ao regresso a casa, assim como a inexistência de recursos que facilitassem o cuidar do utente com alterações tão específicas como o doente neurocirurgico, são os principais problemas vivenciados pelos familiares cuidadores.

Palavras-chave: Vivências, família, alta, dependência

 


 

 

QUAIS AS INFORMAÇÕES QUE OS ENFERMEIROS ESPECIALISTAS EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO, CONSIDERAM ESSENCIAIS PARA INCLUIR NAS CARTAS DE ALTA/TRANSFERÊNCIA HOSPITALAR DOS DOENTES PORTADORES DE PATOLOGIA NEURODEGENERATIVA E, QUE SÃO REINSERIDOS NA COMUNIDADE?

Ana Maria Ferreira da Silva

Márcio Daniel Silva

Marta Luísa Monteiro Rocha

Paula Maria Top

Alunos do 3º Curso Pós-Licenciatura em Enfermagem de Reabilitação da Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa, 2006/200

 

Resumo

O impacto que a sintomatologia das patologias neurodegenerativas apresenta na vida dos doentes e suas famílias, implica da parte dos profissionais de enfermagem uma resposta rápida e eficaz.

O presente estudo não experimental, baseado na metodologia delphi, teve como finalidade identificar as informações que os enfermeiros especialistas em reabilitação a exercer funções em serviços hospitalares consideraram fundamentais para integrar as cartas de alta/transferência de enfermagem.

Os dados permitiram-nos concluir que as cartas de alta/transferência de enfermagem deste tipo de doentes devem conter informações sobre: a função motora, a função respiratória, os ensinos efectuados, perfil de saúde do doente, adequação do espaço físico no domicílio, associações de apoio existentes de acordo com a patologia e apoio social.

Palavras-chave: Carta de alta de enfermagem, Patologias neurodegenerativas, Comunicação escrita, Reabilitação.

 


 

 

A EFECTIVIDADE DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM: MODELOS DE ANÁLISE

António Fernando Salgueiro Amaral
Professor Coordenador na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Resumo

O conceito de resultados em saúde e, nomeadamente, de resultados em enfermagem, não sendo um conceito novo, está hoje a surgir com maior acuidade pela necessidade que as profissões têm de demonstrar a sua efectividade. De facto a transformação dos sistemas de prestação de cuidados de saúde e a emergência de novos modelos de gestão e governação, desafia as profissões da saúde a demonstrarem e documentarem a qualidade da sua contribuição para a saúde das pessoas. Na literatura os indicadores dessa qualidade têm tido como referência um quadro conceptual que inclui a estrutura, o processo e os resultados dos cuidados de saúde,

O NREM (Nursing Role Effectiveness Model) representa a natureza multidimensional de uma situação de cuidados, orientando a investigação sobre os mecanismos que estão subjacentes à forma como os cuidados de enfermagem influenciam os resultados obtidos nos doentes; o sucesso ou insucesso dos cuidados na produção de um determinado resultado e as condições que influenciam os efeitos dos cuidados, proporcionado assim um quadro conceptual para a investigação das relações que podem existir entre características dos doentes, intervenções de enfermagem e resultados. Assume-se que as características dos doentes influenciam o processo de intervenção dos enfermeiros o que proporcionará mudanças nos resultados que se podem obter. Essas características podem influenciar directamente a obtenção de resultados uma vez que influenciam o potencial de cada pessoa para a recuperação das doenças.

Palavras-chave: Enfermagem; Efectividade dos cuidados de enfermagem, Resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem; Qualidade.