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SUMÁRIO
O ESTADO ATUAL DA REFORMA DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS: PERCEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
A ENFERMAGEM DE SAÚDE FAMILIAR E O AMBIENTE FAMILIAR: ASPETOS PRIMORDIAIS AO ENFERMEIRO ESPECIALISTA DE ENFERMAGEM DE SAUDE FAMÍLIAR
CUIDAR EM PARCERIA NA CIRURGIA DE OBESIDADE
MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DADOR DE ÓRGÃOS NO SERVIÇO DE URGÊNCIA: INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 

EDITORIAL
Este ano de 2020 vai ficar na nossa memória para sempre. Este era o ano que comemorava a Enfermagem e os Enfermeiros de todo o mundo, pelo papel relevante que têm para a saúde das pessoas e para o bom funcionamento dos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou privados. A pandemia do SARS-Cov2 trouxe à tona aquilo que todos já sabíamos, e que tantos temos falado nestes editoriais, os serviços de saúde estão mal dotados de enfermeiros e esse facto faz com que, diariamente, seja com COVID ou sem Covid, se morra por falta de cuidados de Enfermagem. A Pandemia só veio provar mais uma vez o quanto é preciso investir nestes profissionais. Ter mais enfermeiros e mais enfermeiros com formação avançada em enfermagem é uma forma de incrementar valor aos cuidados, de aumentar a eficiência dos serviços e de maximizar os resultados que se podem obter nos doentes. Pode argumentar-se que mais enfermeiros significa mais custos, mas qual é o custo de uma vida? Muitos estudos mostram que os custos envolvidos para salvar uma vida pelos cuidados de enfermagem estão em linha com evitar uma morte através da utilização de fibrinolíticos no enfarte agudo do miocárdio. O número de mortes evitáveis desce quando existem mais enfermeiros por doente, o número de úlceras por pressão baixa com melhores ratios, o número de infeções associadas aos cuidados de saúde diminuiu acentuadamente e podíamos aqui elencar um sem número de indicadores que são sensíveis aos cuidados de enfermagem. Todos estes resultados mostram que ter enfermeiros qualificados e com formação diferenciada melhora a demora média, diminuiu a fatura de antibióticos, aumenta a satisfação com o sistema de saúde. Mas o que demonstra tudo o que dissemos é que investir nos sistemas de saúde tem que passar, naturalmente pela contratação de mais enfermeiros e tornar o ambiente da sua prática mais amigável, com melhores remunerações para que possamos ter profissionais motivados e sem medo de continuar na linha da frente. Muitas vezes questione-me porque é que as pessoas, que são utentes dos serviços, não reivindicam os cuidados que lhe estão a ser negados pela falta de enfermeiros, colocando em causa a universalidade no acesso. Será que pela escassez de recursos o processo de seleção do que há fazer não valoriza os cuidados de enfermagem?
Será por desconhecimento do que poderiam obter, diferente, se existissem mais enfermeiros?
São estas questões que cada vez mais me coloco, porque é que é tão simples adquirir novos equipamentos, novas tecnologias e é tão difícil contratar mais enfermeiros?

António Fernando S. Amaral, Enfermeiro
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