Índice do artigo

Sinais Vitais nº 56
Setembro 2004

 

 


  

 

EDITORIAL
A enfermagem – da obediência à confiança/responsabilidade

No início do século XXI a enfermagem, profissão mais antiga do mundo, está confrontada com vários paradigmas, que se podem tornar excelentes oportunidades de desenvolvimento profissional ou não, dependendo da forma como soubermos lidar com eles. Um desses paradigmas situa-se precisamente na questão da mudança da obediência, para a qual fomos formados durante mais de um século, para um paradigma confiança/responsabilidade. Esta mudança que decorre do percurso académico que a enfermagem soube trilhar e que hoje nos permite tomar decisões com base em juízos por nós elaborados, assumindo as consequências pelos resultados obtidos. Este posicionamento, no panorama da saúde em Portugal e na Europa, torna-nos imprescindíveis aos doentes, que sem os enfermeiros não seriam capazes de ultrapassar as suas necessidades, às famílias, que contam connosco como suporte à para a continuidade de cuidados e a população, naquele que é o nosso papel essencial - o de educação para uma vida mais saudável.
Nesta perspectiva é esperado dos lideres de enfermagem nas instituições e nas unidades de saúde que estejam atentos a este fenómeno e (re)equacionem as práticas de gestão, no sentido da valorização do capital que hoje detêm os colegas, entendendo a mais valia que representam não só pelos turnos semanais que fazem, mas pelo saber que detêm, aproveitando-o em benefício dos utilizadores dos cuidados.
O que hoje está em cima da mesa nas unidades de saúde é uma necessidade evidente de existir confiança no seio dos enfermeiros, confiança essa baseada em autonomia na decisão sobre o processo de cuidados de enfermagem, garantindo as condições de exigência e responsabilidade inerentes a uma prática de excelência. Para tal é necessário responsabilizar-nos por regularmente analisar o trabalho que desenvolvemos e reconhecer eventuais falhas que mereçam mudança de atitude, procurando adequar as normas de qualidade dos cuidados às necessidades das pessoas. Naquilo que são as competências e funções de cada um, o dever zelar pelas as condições de trabalho que permitam exercer a profissão com dignidade, deve ser básico. Também nas actividades a delegar é exigido que se proceda em conformidade com a preparação do funcionário, não ultrapassando as suas competências, assumindo a responsabilidade das mesmas. Estes aspectos simples são hoje de enorme relevância no panorama das movimentações que se operam no campo da saúde e da educação, com tentativas diversas por parte da tutela de beliscar o exercício das nossas competências e responsabilidades, consignadas no REPE, atribuindo a outros actividades que são da responsabilidade dos enfermeiros e mesmo substituindo-nos de forma ilegal. Temos neste processo saber estar e desenvolver uma prática de clara responsabilização pelos actos que praticamos e de denúncia das ilegalidades, lembrando aos cidadãos que o seu estado de saúde piora se não for cuidado por enfermeiros. Com todas as tentativas várias de beliscar a profissão, espero que alguns colegas não fiquem tentados em aceitar as propostas do governo de criar enfermeiros de “prática avançada”, há semelhança do que existe já em alguns países da UE e nos EUA, que podem prescrever análises e terapêutica medicamentosa simples, tornando-nos médicos pequeninos. Estamos hoje num patamar onde isto para nós já não faz sentido, assim como não o faz, a possibilidade de oferecer cuidados de enfermagem de 2ª classe aos cidadãos.

Carlos Margato

 


 

Desenvolvimento Pessoal do Enfermeiro: Contextos da Prática e da Formação

AUTORES
Celina Sobreira (Hospital Distrital de Leiria); Zita Castelo Branco (Esc. Sup. de Enfermagem de Vila Real); Paula Diogo (Esc. Sup. de Enfermagem Maria Fernanda Resende – Lisboa); António Lopes (Esc. Sup. de Enfermagem de Leiria)

RESUMO
Existem diferentes teorias e “filosofias” sobre o desenvolvimentopessoal. São estas teorias que iremos apresentar numa breve revisão histórica e que nos conduziram à perspectiva humanista, aquela que na nossa óptica serve de sustentação ao desenvolvimento pessoal do Enfermeiro. É, numa lógica de fazer sobressair as pontes, os elos de ligação, os pontos de intersecção, entre o desenvolvimento pessoal do enfermeiro e o Cuidar, que emerge esta reflexão. Qual o significado e o sentido do desenvolvimento pessoal nas profissões de relação? Os modelos de enfermagem integram este conceito nos seus conteúdos? Como poderá o desenvolvimento pessoal do Enfermeiro explicitar-se no Cuidar? A formação em Enfermagem tem adoptado nos seus planos de estudo o desenvolvimento pessoal do enfermeiro? São algumas questões que inquietam este grupo de trabalho e que, neste espaço, pretendemos analisar.

PALAVRAS CHAVE
Enfermeiro; Cuidar; Desenvolvimento pessoal; Desenvolvimento humano.

 


 

Aleitamento Materno na Região do Baixo Mondego

AUTOR
Luís Manuel Cunha Batalha (Escola Superior Enf. Bissaya Barreto)

RESUMO
Foram seguidos 112 lactentes da Região do Baixo Mondego nos seus primeiros 4 meses de vida para determinar a prevalência do AM e relacionar essa prevalência com as variáveis idade e habilitações literárias da mãe. Os resultados deste estudo parecem demonstrar relativamente a estudos anteriores, que mais mães amamentam e durante mais tempo, principalmente no que se refere ao AM exclusivo. Todavia, apesar de apenas 8% das mães acharem que deveriam deixar de amamentar antes dos 4 meses, na prática fizeram-no 42,8% das mães. Reconhecendo os avanços conseguidos nos últimos anos, o autor conclui que deve haver um reforço no investimento da formação dos profissionais de saúde quanto à problemática do AM, utilização de metodologias activas nas educações para a saúde e desenvolvimento de investigações aplicadas para uma melhor clarificação da problemática e actuação eficiente.

PALAVRAS CHAVE
Aleitamento materno; Leites formula; Lactente; Prevalência.

 


 

Obesidade na Adolescência

AUTORES
Carla M. Ferreira Gomes (Hospital Infante D. Pedro); Hélia Esteves Ferreira (Hospital de S. Teotónio); Marisa J. Rebelo Rocha (Hospital Egas Moniz); Micaela Marques Almeida (Hospital Egas Moniz); Pedro M. Lopes de Sousa (Hospital Universidade de Coimbra)

RESUMO
Consumos nocivos e opções por estilos de vida de elevado risco dos adolescentes têm conduzido ao aumento da obesidade. Efectuou-se um estudo transversal, descritivo-correlacional dirigido a 1198 adolescentes do ensino secundário do distrito de Viseu, tendo-se verificado que 13,7% do sexo masculino e 5,3% do sexo feminino são obesos.

PALAVRAS CHAVE
Obesidade; Adolescência; Estudo; Factores de risco; IMC.

 


 


Cuidar em Enfermagem Caminhando Rumo a uma Identidade Sócio-profissional Visível!

AUTORES
Ana Paula Alves (Hospital de Santa Cruz); Luís Sousa (H. Rainha Santa Isabel – Torres Novas)

RESUMO
Neste artigo partimos da necessidade de um trabalho intelectoprofissional por parte dos enfermeiros como forma de se implementar o cuidar no sentido profissional em Enfermagem, dando-lhe assim uma perspectiva de qualificação, responsabilidade e autonomia, no processo de construção de uma identidade social.

PALAVRAS CHAVE
Autonomia; Intelecto-profissional; Cuidar; Identidade.

 


 


Morrer na Presença de Quem Cuida

AUTORA
Cristina França Ferreira (C. Regional de Oncologia de Coimbra)

RESUMO
Escrever sobre a morte, num contexto hospitalar não é tarefa simples atendendo a que, enquanto realidade do quotidiano na prestação de cuidados, se circunscreve de um conjunto de tabus, preconceitos, mitos e crenças que impedem de alguma forma o exteriorizar de sentimentos, atitudes e emoções em relação ao enfermeiro perante um doente em fase terminal.

PALAVRAS CHAVE
Morte; Cuidar; Direitos; Vivência; Doente em fase final de vida.

 


 

Intervenção do Enfermeiro na Prevenção do Pé Diabético

AUTORES
Fernanda Mendes Andrade (C. Saúde de Vila Pouca de Aguiar); Luis C. Ferreira Pereira (C. Saúde de Vila Pouca de Aguiar)

RESUMO
A prevenção das lesões no pé diabético é uma medida prioritária para se reduzir a incidência de novos casos e a gravidade da apresentação clínica. Pretendemos com este artigo levar os enfermeiros a reflectirem sobre as práticas diárias de prevenção do pé diabético.

PALAVRAS CHAVE
Pé diabético; História do diabético; Exame do pé; Grau de risco; Educação.

 


 


As Relações Interpessoais Estudo descritivo e comparativo

AUTORA
Ana Maria Ribeiro Ferreira (Hospitais da Universidade de Coimbra)

RESUMO
A qualidade das relações interpessoais depende das relações humanas e do envolvimento pessoal com que cada um adere e estabelece interdependência com os outros. É na participação activa no grupo de acção, no sentimento vivo da co-responsabilidade e na genuína relação inter-humana que cada elemento se envolve verdadeiramente no ambiente ou atmosfera da equipa de trabalho. Efectuamos um estudo comparativo entre duas equipas de enfermeiros, que se encontram em estreita interdependência e constante interacção, para conhecermos os factores que influenciam as relações que os elementos estabelecem entre si. Apenas na dimensão trabalho em equipa se verificaram diferenças estatisticamente significativas nas médias observadas. Na equipa de trabalho todos os elementos interagem e se percebem directamente. O que assume importância primordial é a partilha do objectivo e a qualidade da relação entre os seus membros. É uma relação não contratual, não económica, não política e não especializada.

PALAVRAS CHAVE
Trabalho em equipa; Comunicação; Personalidade.

 


 


Cuidados Paliativos: Uma experiência para partilhar

AUTORES
Cátia Marina Dias Ferreira (Instituto Port. Oncologia do Porto); Cristina Fernandes Pereira (Instituto Port. Oncologia do Porto)

RESUMO
O movimento dos Cuidados Paliativos veio relembrar que o doente é uma “pessoa”. O seu sofrimento é global, ou seja, integra aspecto físicos, psicoafectivos, espirituais… . As equipas que prestam Cuidados Paliativos têm de ter em conta estes aspectos. Trata-se de aliviar o sofrimento de uma pessoa que se confronta com um diagnóstico de doença avançada, de ter em conta as suas necessidades e promover a sua Qualidade de Vida, no tempo que tem para viver. São várias as modalidades através das quais os cuidados paliativos podem ser postos em prática: unidades integradas em hospitais, unidades de cuidados paliativos isoladas, unidades de apoio domiciliário. São nossos objectivos: Dar a conhecer a realidade dos Cuidados Paliativos, prestados na Unidade de Cuidados Paliativos (UCC) do Instituto Português de Oncologia do Porto( IPO - Porto) e partilhar a experiência de trabalho na UCC.

PALAVRAS CHAVE
Cuidados paliativos; Unidade de Cuidados Continuados; Doente oncológico com doença Avançada; Família, Equipa de Saúde.

 


 

Reabilitar em Psiquiatria e Saúde Mental

AUTORA
Ana Luisa Pacheco (Hospital Magalhães Lemos)

RESUMO
Com este trabalho pretendo dar uma perspectiva sobre alguns problemas que nós técnicos de psiquiatria nos deparamos todos os dias e reflectir sobre os limites da nossa intervenção como reabilitadores.

PALAVRAS CHAVE
Psiquiatria; Reabilitação; Limitação.

 


 

Desvelando o Método Etnográfico. Que Contributos para a Ciência de Enfermagem?

AUTORES
Cristina J. Rocha Ferreira (H. Padre Américo – Vale do Sousa); Maria G. Neto Guimarães; Maria Teresa Barbosa Leal (Hospital Torres Vedras)

RESUMO
A investigação etnográfica tem um carácter holístico, pretende construir descrições de fenómenos globais nos seus contextos e determinar a partir delas a compreensão da complexidade de causas e consequências que afectam o comportamento e crenças. M. Lenninger, 1.ª Enfermeira Antropóloga, criou o conceito: Investigação em Etno-enfermagem “… comportamentos subjacentes a cuidados de enfermagem e processos de culturas específicas”. O uso do Método Etnográfico em Enfermagem, visa fundamentalmente a compreensão da realidade humana.

PALAVRAS CHAVE
Etnografia; Comportamento; Holístico; Lenninger; Etno-enfermagem; Verdade; Artefactos culturais; Mensagens; Conhecimento cultural.

 


 

Visita de Referência Cuidados em Parceria

AUTORES
Maria de Fátima Conceição (Hospitais da Universidade Coimbra); Paula Cristina Alvim Ramos (Hospitais da Universidade de Coimbra)

RESUMO
Dada a importância de que se reveste a qualidade dos cuidados de enfermagem praticados nas nossas instituições de saúde, e visando a satisfação dos clientes/famílias e profissionais, urge avaliar formas inovadoras de prestação que conduzam a uma realidade efectiva de melhoria. Nesta perspectiva, o modelo cuidados em parceria, surge com o principal objectivo de aumentar o nível de satisfação dos clientes, dos profissionais de saúde e das famílias, proporcionando um maior grau de humanização e interacção entre si, pretendendo-se que o cliente e seus familiares tenham um papel activo, convergente e em coerência com o processo de cuidados. Esta filosofia de cuidados, adaptada à realidade de cada cliente e família, proporcionará ganhos em Saúde, eficiência de Meios e satisfação dos Colaboradores.

PALAVRAS CHAVE
Visita de referência; Cuidados em parceria; Elemento significativo.

 


 

Ser um Bom Enfermeiro…

AUTOR
Pedro Coelho Gonçalves (Hospitais da Universidade de Coimbra)

RESUMO
No presente artigo pretendo reflectir sobre algumas qualidades/ características que o enfermeiro deve ter para ser um bom enfermeiro, rumo à excelência dos cuidados. Para a sua elaboração recorri à minha experiência pessoal e profissional e à revisão bibliográfica.

PALAVRAS CHAVE
Enfermeiro; Enfermagem; Cuidar.

 


 

Autonomia em Enfermagem

AUTORES
Alexandra Costa (H. José Joaquim Fernandes, SA – Beja); Alexandra Madeira (H. José Joaquim Fernandes, SA – Beja); Elisabete Matias (H. José Joaquim Fernandes, SA – Beja)

RESUMO
Falar sobre autonomia em enfermagem é um desafio, pois para além de ser um tema polémico é muito interessante. A nível hospitalar, a valorização do papel do enfermeiro, em parte baseia-se nas suas capacidades técnicas, ou seja, quanto mais perfeita e completa for nesta área, maior será o reconhecimento por parte do médico e dos doentes, embora se constate que este parecer tem vindo a perder o sentido. A autonomia é obtida através do campo de acção prático de cada um. Deve ser reconhecida e legitimada pelos próprios enfermeiros e cada um deve demonstrar confiança e respeito, favorecendo a autonomia.

PALAVRAS CHAVE
Autonomia; Enfermagem; Prática de enfermagem; Valorização profissional.