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Dossier

ASSOCIATIVISMO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

COORDENAÇÃO
Carlos Margato / Raúl Fernandes / Valter Silva

O associativismo dos estudantes de enfermagem foi, após Abril de 74, uma prática invulgar e incomparavelmente diferente da restante academia. Inicialmente fora do ensino superior, os estudantes de enfermagem sentira m a necessidade de criar estruturas que tivessem interlocutor nas negociações da passagem da enfermagem ao ensino superior e reclamasse as regalias dos restantes estudantes do ensino superior e no seio das próprias escolas a consideração devida a qualquer estudante.
Os Encontros Nacionais de Estudantes de Enfermagem foram momentos importantes na congregação de esforços para a criação de estruturas escolares (Associações de Estudantes) e nacionais (Federação de Estudantes de Enfermagem) que foram essenciais no desenvolvimento dos movimentos estudantis que se formalizaram no final da década de 80 e que muito contribuíram para melhorar as condições dos estudantes de enfermagem.
Como é do conhecimento dos enfermeiros e dos estudantes a Revista Sinais Vitais e nomeadamente o Jornal de Enfermagem SOS sempre dera m voz aos estudantes, às suas lutas e reendivicações.
A publicação deste caderno na Revista traduz o reconhecimento da equipa redactorial ao trabalho desenvolvido pelo movimento estudantil dos estudantes de enfermagem.
Este trabalho, que se iniciou ainda em 2008 com a colaboração d a Comissão Organizadoradora do 30º ENEE, teve nos Enfermeiros Raul Fernandes e Valter Silva os principais dinamizadores. Quisemos apenas fazer alguma formalização dos múltiplos aspectos desenvolvidos nos últimos trinta anos de associativismo estudantil dos estudantes de enfermagem. Esperamos ter conseguido.
Por motivos de organização o caderno tem duas áreas distintas: a dedicada aos Encontros Nacionais de Estudantes de Enfermagem e a dedicada à Federação de Estudantes de Enfermagem.
Claro que ficam muitas estórias por contar, mas esta foi já uma primeira tentativa para contar algumas. Como prova do nosso reconhecimento a esta comissão organizadora e a muitas outras dos Encontros de Enfermagem esta Revista Sinais Vitais vai ser oferecida a todos os participantes no 30º Encontro dos Estudantes de Enfermagem.

Esperemos que gostem.

 

Presidentes da FNAEE

2008/2009
Carlos Gonçalves
AECG Braga

2007/2008
Gonçalo Cruz
AE Ravara

2006/2007
Mara Campos
AECG Lisboa

2005/2006
Raul Fernandes
AE BB

2004/2005
Mário Amador
AE Portalegre

2003/2004
Agostinho Ladeira
AE Ana Guedes

2002/2003
Nuno Lopes
AE Leiria

2001/2002
Nuno Lopes
AE Leiria

2000/2001
Pedro Frias
AE Ravara

1999/2000
Pedro Frias
AE Ravara

1998/1999
Helena Carneiro
AEBB

1997/1998
Helena Carneiro
AEBB

1996/1997
Ana Rita Cavaco
AE de Lisboa

1995/1996
Ana Rita Cavaco
AE de Lisboa

1994/1995
Alexandre Tomás
AEBB

1993/1994
Alexandre Tomás
AE BB

1992/1993
João Pimentel Cainé
AEBB

1991/1992
João Pimentel Cainé
AE BB

1990/1991
1989/1990
João Veiga (Primeiro Secretário)
Nos primeiros estatutos não havia presidente. Optou-se por ter u ma direcção mais horizontal.

 

Encontros Nacionais

30.º 2009
Praia do Pedrógão, Leiria, AE
CG Br a g a

29.º 2008
Ericeira, Pó l o Li s b o a

28.º 2007
Furadouro, AE ’s Vi s e u (Pública e Piaget)

2 7.º 2006
Galé, AE Cruz Vermelha Portuguesa

26.º 2005
Monte Gordo, AE CG Lisboa

25.º 2004
Vagueira, AE Viseu (Públ ica)

24.º 2003
Vila Nova de Mil Fontes, AE ’s Alentejo (Évora , Beja e Portalegre)

23.º 2002
Furadouro, AE Cidade do Por to

22.º 2001
Galé, AE ’s FG, CG e AR

21.º 2000
Ilha de Tavira, AE Faro

20.º 1999
Quiaios, AEBB

19.º 1998
Vila Real, AE Vila Real

18.º 1997
Seixal, Quinta da Atalaia,
FNAEE

17.º 1996
Braga, AE Braga

16.º 1995
Vila Nova Gaia

15.º 1994
Figueira da Foz, Grupo de Alunos da EEBB

14.º 1993
Beja, AE Beja

13.º 1992

Lamego, AE Viseu

12.º 1991
Évora, AE Évora

11.º 1990
Vila da Nazaré, AEEE Leiria

10.º 1989

Via na do Castelo, AE Viana do Castelo

09.º 1988
Porto, (Ana Guedes)

08.º 1987
Costa da Caparica, (C G)

07.º 1986
Mira, AE ’s Coimbra (BB e AF)

06.º 1979
7 e 8 Julho, EE CG Li s b o a (reunião de estudantes delegados)

05.º 1978
5 e 6 Maio, EE CG Lisboa (reunião de estudantes delegados de 8 escolas)

04.º 1979
20 e 21 Janeiro, EEAF (reunião de estudantes delegados de 5 escolas)

03.º 1978
22 Julho, EECG Lisboa (reunião de estudantes delegados de 7 escolas)

02.º 1978
18 Junho, EEAF (reunião de estudantes delegados de 8 escolas)

01.º 1978
3 de Junho, EEAF (reunião de estudantes delegados de 12 escolas)

 

OS 6 PRIMEIROS ENCONTROS NACIONAIS DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

“O Movimento Associativo dos Estudantes de Enfermagem, embora seja de história relativamente recente, considerando os aspectos específicos de um obscurantismo místico a que esteve sujeito e à repressão que ainda hoje é exercida sobre estudantes de enfermagem que pretendem formar a sua Associação de Estudantes, não se pode considerar desprezível o seu passado, principalmente a seguir a 25/4/1975, e temos de tirar algumas lições preciosas que ele nos ensinou a criticar alguns aspectos incorrectos que possui se pensarmos reforçar e alargar o Movimento Associativo existente. “

In “INFORME SOBRE O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS ESTUDANTES DE ENFERMAGEM PORTUGUESES” Coimbra 24 de Março de 1979, assinado pelo “Órgão Nacional eleito no IV Encontro”

Era desta forma que os estudantes da altura sentiam o movimento estudantil. Hoje, encontramos igualmente um certo obscurantismo no que respeita à história do movimento estudantil em Enfermagem que importa aclarar.

Muito se escreveu já sobre a história da profissão e os seus intervenientes, mantendo-se a lacuna da influência dos estudantes nos momentos chave para enfermagem portuguesa. A revista que hoje se escreve mais do que contar fielmente a história, visa pela mão e voz dos intervenientes directos nesta luta trazer à luz estórias esquecidas.

 

OS ANOS INQUIETOS E A REBELDIA DOS ESTUDANTES DA ESCOLA de ENFERMAGEM CALOUSTE GULBENKIAN, DE LISBOA
UM CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL EM ENFERMAGEM

Professor Viriato Moreira

Professor ESE Lisboa

RESUMO

O presente artigo procura contribuir para a reconstrução da memória de uma década do movimento estudantil na Escola de Enfermagem de Calouste Gulbenkian, de Lisboa – EECGL retratando, não só a luta pela democraticidade do ensino de enfermagem mas, também, pela liberdade de expressão, democraticidade de processos e por um modelo político/social diferente.

Palavras-chave: Anos 70/80, movimentos estudantis, Estudantes de enfermagem.

 

VII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM . 1986

Entrevista com José Carlos Martins

Fomos neste número entrevistar o Enfermeiro José Carlos Martins. Foi uma decisão consensual e pensada sobre a personalidade que nestes últimos 25 anos mais marcou o associativismo estudantil dos estudantes de enfermagem.

Na entrevista pretendemos conhecer o contexto de candidatura e o desempenho do papel do presidente de uma Associação de Estudantes de Enfermagem nos anos 80, identificar as estratégias presentes que permitiram criar a Federação Nacional de Estudantes de Enfermagem e analisar o momento actual do associativismo estudantil em enfermagem.

Entrevista da Responsabilidade de Carlos Margato, Raul Fernandes e Valter Silva

Enfermeiro José Carlos Martins o que é que o levou a entrar para a Enfermagem e a interessar-se pelo associativismo estudantil?

Seguir enfermagem foi, por um lado, porque sempre gostei da área da saúde e depois por influência de pessoas de saúde na família. Também na altura era um curso médio que não requeria grandes custos, um curso de curta duração e de grande empregabilidade.

Tudo isto junto foi o que determinou a minha entrada para enfermagem.

O que me levou a entrar pelo associativismo foi sobretudo a tomada de consciência de que era necessário fazer algo mais. Isto é, havia vários problemas na Escola e na Enfermagem, na altura em que éramos estudantes. Na Escola de Bissaya Barreto decorrente das poucas condições que tínhamos, como a falta de um refeitório, uma disciplina férrea, de alguma forma limitadora, e a tomada de consciência de que se nos organizássemos podíamos transformar essas coisas, esses problemas, levou de certa forma a entrar para o associativismo e a fundar a associação de estudantes com muitos outros colegas da altura.

 

O NASCIMENTO DA FNAEE - BREVE RELATO DE GRANDES MOMENTOS

João Veiga

Professor da ESEL

Fazer um relato de uma história vivida na primeira pessoa é sempre complicado porque se perde a objectividade.

Contudo, se houver da parte do relator uma declaração de interesses que situe o leitor face a parcialidade da narração, não resolvendo o problema inicial, pelo menos clarifica-o à priori. Assim sendo, devo desde já informar que serei parcial e como tal exaltarei a importância que o movimento associativo em enfermagem teve durante o período de 88 a 91, anos de intenso entusiasmo e grandes realizações.

 

O PORQUÊ DA ACTIVIDADE ASSOCIATIVA

João Cainé

Prof. Adjunto Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho

Integrou a Comissão Coordenadora da FNAEE no ano de 1991/1992

Uma eterna questão se coloca. O porquê da actividade associativa. Porque é que nos envolvemos num movimento associativo, no caso estudantil, muitas vezes com “prejuízo” (porque não sei de que prejuízo falamos) para o nosso percurso académico. A resposta, na maioria dos casos, é porque sim. E o “porque sim” torna incompreensível as motivações de quem quer estar por parte daqueles que não estão e, inversamente, poderemos pensar que quem está envolvido terá dificuldade em compreender quem não tenha interesse nesse envolvimento. Talvez resulte do grau de vinculação ao contexto, do modo como se sente e vive a escola onde está inserido. Acredito que a experiencia associativa é profundamente enriquecedora numa perspectiva de educação global do ser humano. Ela ajuda a criar condições para o exercício da cidadania de forma mais afirmativa e solidária. Julgo que esse será o seu maior legado.

 

FNAEE NA LUTA PELA LICENCIATURA

Helena Carneiro

Enfermeira

Escrevo este artigo no dia 25 de Abril de 2009, exactamente 11 anos depois do dia da minha eleição para Presidente da Direcção da FNAEE. No dia da Liberdade. 11 anos depois…

Procuro neste artigo descrever como era o Associativismo de Enfermagem nos últimos 4 anos do século XX . (sorriso)…Pois é, o tempo! Acreditando na memória, parece recente a minha passagem pelo Associativismo, somando os anos parece distante.

Entrei no Associativismo de Enfermagem com a ambição de introduzir uma mudança, para não definir revolução. As caloiras de 1996, da ESEBB, pretendiam mudar as fardas de estágio, ou seja, pretendíamos substituir as saias pelas calças. Conseguimos!

 

A FNAEE À ENTRADA DO SÉCULO XXI VALORIZAR O PASSADO, REIVINDICANDO O PRESENTE E ASSEGURANDO O FUTURO

Pedro Frias

Presidente da FNAEE 1999/ 2001

Historicamente, os estudantes de Enfermagem e as Associações de Estudantes (AAEE) que os representam, sempre souberam preservar e valorizar a existência da Federação Nacional de Associações de Estudantes de Enfermagem (FNAEE). Na perspectiva de defender e lutar pelos interesses específicos dos estudantes de Enfermagem, mas sem descurar e acompanhando as reivindicações mais gerais de todos os estudantes do ensino superior, a FNAEE foi trilhando o seu caminho, sem desvirtuar o projecto inicial delineado pelas gerações passadas mas com os olhos postos no presente e futuro do ensino de Enfermagem e do ensino superior.

 

XV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Figueira da Foz O ENCONTRO DOS “FRANGOS”

Alexandre Tomás

Enfermeiro

Olhar para o passado da participação no movimento associativo permitiu-me recordar com nostalgia momentos vividos, caracterizados pela enorme interrelação.

Recuar ao período de 1992-1995 no âmbito da formação em Enfermagem, da participação das Associações de Estudantes no contexto associativo nacional, e até do número de Escolas e de Estudantes é de facto recuar um ‘milénio’.

Existiam aproximadamente vinte escolas em todo o país, com um número de estudantes distribuídos pelos três anos do então Cursos Superior de Enfermagem que pouco ultrapassavam os quatro mil.

Contextualizar aquele período é dizer que vivíamos sem telemóveis, internet, e Associação de estudantes que possuísse um computador era de facto considerada de luxo!

XXIV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - V. N. de Mil Fontes

O Encontro com o caracolENEE

Mário Amador

Membro da XXIV COENEE

O Encontro Nacional de Estudantes de Enfermagem do ano de 2003 ficou a cargo da Organização das três Associações de Estudantes das Escolas de Enfermagem do Alentejo, a saber; Portalegre, S. João de Deus – Évora e Beja, tendo este ficado conhecido como o ENEE do Alentejo 2003, e quem não se lembra do CaracolENEE, uma das míticas figuras da história dos encontros de Enfermagem, quem não o viu, não estava claramente habituado à velocidade desse frenético animal do nosso lindo Alentejo.

 

XXV ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM - Vagueira

Um Encontro impossível de esquecer

Rui Marques

Membro da XXV COENEE

Quando a Comissão Organizadora do XXX Encontro Nacional de Estudantes de Enfermagem me pediu para escrever um pequeno texto sobre o XX V E.N.E.E., realizado na Praia da Vagueira corria o ano de 2004, iniciei um quadro de agitação característico de quem tem que remexer na memória a médio prazo em busca de um dos melhores, senão o melhor, momento de toda a minha vida académica.

 

FNAEE 2003 A 2008 DO CAOS À CONSOLIDAÇÃO INTERNA E EXPANSÃO INTERNACIONAL

Mário Amador e Raúl Fernandes

Contar história em estórias não é fácil! A subjectividade de quem se envolveu na construção do associativismo assumindo por vezes posições, confrontos e conflitos com outras visões e pessoas inerentes à visão confrontada pode tornar as palavras que se seguem ingratas para as situações e protagonistas.

Tentaremos contudo, e com a melhor das intenções contar com lealdade e verdade os factos que ocorreram.