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OS DESAFIOS COLOCADOS AOS ENFERMEIROS DE SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA

 

Entrevista com Maria José Viana de Almeida

Com um longo percurso totalmente dedicado à área da Saúde Mental e com provas dadas, a Enf.ª Maria José Viana é, para muitos enfermeiros, uma figura de referência neste domínio, pelo que achámos pertinente entrevistá-la, com o propósito de conhecer qual a sua opinião sobre o “estado da arte” e quais os desafios que se colocam actualmente aos enfermeiros que exercem em Serviços de Saúde Mental e Psiquiatria.

 

Qual a sua opinião sobre o estado actual da área de Saúde Mental e Psiquiatria?

Ao reflectir no meu percurso profissional na área da Saúde Mental e Psiquiatria, não posso deixar de pensar que existiram muitos avanços, mas também que persistem ainda muitos problemas que urge resolver, pois todos os dias somos confrontados com questões colocadas pelos doentes e suas famílias quando necessitam de cuidados especializados em Saúde Mental e ficam absolutamente desamparados, sem saber o que fazer, onde acorrer e quem lhes vai poder valer. Constitui dever ético-profissional, enquanto enfermeiros, a nossa participação pró-activa na resolução destas situações.

Os problemas psiquiátricos e de Saúde Mental, atingem hoje no mundo números assustadores.

As razões para este crescente aumento da morbilidade são múltiplas e parecem acontecer por uma série de factores circunstanciais e simultaneamente cumulativos. Dados estatísticos, entre outros, demonstram que 1 em cada 4 famílias tem algum dos seus membros com um problema de Saúde Mental e/ou doença psiquiátrica, que a carga mundial das doenças mentais em relação à mortalidade e incapacidade é 14% superior ao cancro e doenças cardio-vasculares e que 1 em cada 5 crianças apresenta evidência de problemas em saúde mental.

E na sua opinião, quais são esses constrangimentos?

Mas identifica ainda outros constrangimentos?

Porque razão acha que esta situação se vai perpetuando?

Acha que a utilização dos serviços de Urgência está muitas vezes a substituir a falta da continuidade de cuidados nesta área?

De facto, são conhecidos muitos episódios de violência em situações de emergência psiquiátrica, quer em Urgências, quer em Serviços de Internamento... Como acha que se deve actuar?

Esse aspecto leva-nos a questionar, se na sua opinião, os doentes psiquiátricos têm capacidade para exercer a autonomia em toda a sua plenitude?

Já agora, e porque falámos de autonomia versus internamento compulsivo, como entende a questão da atribuição de ininputabilidade a pessoas com suposta doença mental?

E qual a sua opinião sobre a necessidade de reabilitação dos doentes com perturbações de Saúde Mental?

Então, como pode defenir os desafios que actualmente se colocam aos serviços de Saúde Mental e Psiquiatria?

Como encara a prestação dos cuidados de enfermagem nesta área?

Acredita que actualmente é bastante desafiante trabalhar na área de Saúde Mental e Psiquiatria?