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Revista Investigação em Enfermagem (2002), nº5 - Fevereiro: 26-33
O ENSINO CLÍNICO: A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO SABER PROFISSIONAL
CLEMENTINA SOUSA LONGARITO(*)

Palavras chave: Ensino clínico; Dificuldades; Orientação; Agentes formativos; Saber profissional.

Resumo: Pelo presente trabalho procura-se reflectir em torno de questões e situações relacionadas com a formação inicial em enfermagem, designadamente, em contexto prático, enquanto espaço tempo propiciador e potencializador do desenvolvimento de capacidades e habilidades conducentes à construção de competências profissionais nos futuros enfermeiros. O estudo decorreu em duas unidades de Medicina, que habitualmente recebem alunos, e após o término do estágio de Enfermagem Médica do 2º ano do Curso de Bacharelato em Enfermagem. A população alvo constituiu-se pelas equipas de enfermagem e equipas docentes dos dois serviços. Para o efeito, a nossa opção metodológica orientou-se para uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória descritiva, utilizando como instrumento de colheita de dados um questionário construído, essencialmente por questões abertas. O sistema de categorização e o processo de análise percorre as áreas temáticas orientadoras do questionário e estrutura-se em torno de seis unidades de análise. Sem tentar fazer generalizações, dadas as limitações do estudo, a análise e interpretação global dos resultados permite retirar algumas conclusões:

A orientação dos enfermeiros é favorecedora:
- da integração nos serviços;
- da resolução de problemas;
- do desenvolvimento da destreza técnica.

A orientação dos docentes propicia o desenvolvimento:
- da destreza técnica;
- de capacidades crítico-reflexivas;
- de capacidades de planeamento de cuidados;
- de técnicas de entrevista de apreciação inicial;
- de capacidades de educação para a saúde.
Como conclusão geral poder-se-á afirmar que a orientação partilhada entre enfermeiros e docentes é importante para o desenvolvimento do saber agir profissional, apesar da existência de alguma indefinição no papel que cabe a cada um. Por outro lado, são os próprios enfermeiros que apelam para que as escolas encontrem dinâmicas de maior aproximação e envolvimento com as equipas de enfermagem, na preparação dos estágios, e às instituições que lhes criem melhores condições para poderem exercer uma orientação mais individualizada.

* Docente na Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo. Mestre em Ciências de Enfermagem. Trabalho desenvolvido no âmbito da dissertação de mestrado.