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EDITORIAL
Finalmente chegaram as férias. Após um ano de trabalho intenso chega agora o merecido descanso, o retemperar, mas também o recarregar baterias para mais um ano que se adivinha intenso. Intenso de reformas que nos exigirá estar alerta para que as mudanças que todos entendemos como necessárias e úteis não se venham a revelar inoportunas e desvalorizadoras das conquistas que nos últimos 30 anos a revolução de Abril nos possibilitou.
Ao nível da saúde parece ser significativa a vontade reformista deste governo querendo tornar o sistema mais eficiente, um sistema com o qual as populações se sintam satisfeitas, não pela simples noção de que o sistema existe, mas antes pelos resultados que podem obter dum sistema bem organizado, onde os recursos são alocados para a consecução de ganhos reais em acessibilidade aos cuidados, em amenidades e sobretudo em saúde.
O que significa que os ganhos em eficiência se têm que colocar na maximização de resultados com os recursos que estão alocados à saúde e não numa perspectiva de redução de gastos que pode redundar numa perda de eficácia do sistema.
Os governos, quando pressionados pela economia, em ciclos de pouco crescimento ou de recessão, como o que vivemos actualmente, tendem a afrontar e a colocar em causa as políticas de cariz mais social, nas quais a saúde se inclui, invocando para o Estado um papel mais regulador do que interveniente efectivo nas políticas de financiamento como forma de redistribuir a riqueza produzida. Estas acções tendem assim a colocar do lado das famílias a responsabilidade financeira para fazer face a necessidades em saúde e de protecção social em geral. Esta passagem de uma forma de organização do estado, que recebe sobre a forma de impostos o valor acrescentado da riqueza e a redistribui sob a forma de políticas sociais, para um estado onde o principio é exclusivamente a protecção da riqueza como forma de desenvolvimento esquecendo que o capital dos capitais é o capital humano, pode redundar num fracasso e tornar-nos num país ainda menos desenvolvido e mais gastador do que o que tem sido. Veja-se o exemplo dos Estado Unidos que é o país onde  a despesa em saúde em proporção do PIB é maior, mas em que mais de vinte milhões de pessoas não têm acesso a cuidados de saúde.
Todos estes aspectos de mudança política têm naturalmente reflexos ao nível das profissões que operam em áreas onde a pessoa é o centro e o foco primordial de atenção.
Por isso para além de desejar boas férias a todos os nossos leitores aqui fica o alerta para a necessidade de estarmos atentos.

 

Boas férias.

António Amaral