Índice do artigo

Sinais Vitais nº 75 Novembro 2007

EDITORIAL

 

FORUM TEMÁTICO
Contenções Físicas

 

ESSENCIAL SOBRE
Alterações do Equilíbrio Ácido-base

 

CIÊNCIA E TÉCNICA

 

Promoção de Actividade Física e Prevenção de AVC

 

A Pessoa com Estoma de Eliminação Intestinal... Que Ensinos?

 

Saúde Mental Versus Sociedade (Experiência Comunitária)

 

O Self-Management na Pessoa Idosa em Contexto Familiar e Comunitário

 

A complexidade da toxicodependência

 

Factores Predisponentes do consumo de Substâncias Psicoactivas em Enfermeiros

 

Doença de Alzheimer e Cuidadores Informais

 

Cuidar da Pessoa no Serviço de Urgência

 

Organização de Recursos Humanos e Materiais em Emergência

 


 

 

 

Editorial

 

13º Aniversário da FORMASAU

 

A Revista Sinais Vitais comemora com a saída deste número o seu 13º Aniversário. Com este número inicia-se uma nova era da revista, com nova cara, um novo formato e novas rubricas. Continuamos a contar consigo, com as suas críticas, conselhos e opiniões para podermos melhorar. Este é o nosso objectivo, esta é a nossa visão.

A Sinais Vitais tem, desde o seu primeiro número, incentivado os enfermeiros a utilizarem esta janela para manifestarem a sua opinião, voltamos aqui a fazê-lo. Queremos ser a voz dos enfermeiros. A opinião conta e a discussão traz a luz. Não chega escrever artigos de revisão sobre as mais diversas matérias, que continuaremos a privilegiar, é importante que para além desses nos cheguem artigos de opinião, de investigação sobre os cuidados, sobre as leis e normas que nos vão regendo.

 

Quando se produz conhecimento através da investigação, o processo só fica terminado com a sua disseminação. Para isso é necessário existirem veículos que permitam essa disseminação. A Sinais Vitais assume-se desde o primeiro dia como o veículo de referência para a disseminação do saber produzido pelos enfermeiros em Portugal. È importante que a experiência que você está a realizar e que tem tão bons resultados possa ser reproduzida noutros contextos para verificar se é possível passar da sua exemplaridade para a regularidade. Contamos consigo para continuarmos, e estaremos cá até que você, que é enfermeiro e que entende que esta é uma profissão com futuro, quiser. Contamos consigo.

 

António Fernando Amaral

 

 


 

 

Fórum – Contenções físicas

 

A Revista Sinais Vitais vai, a partir deste número, utilizar este espaço para incentivar o debate ou a reflexão sobre temas de importância para a enfermagem. Chamámos-lhe FÓRUM TEMÁTICO e é o que pretendemos que seja. Em cada número convidaremos enfermeiros para através da sua escrita reflectirem sobre um qualquer aspecto dos cuidados de saúde que se entenda dever ser debatido entre os enfermeiros.
 

 

No passado mês de Maio a DGS através da normativa nº 08/DSPSM/DSPCS regulamenta a aplicação de contenções físicas nos doentes agitados, convidámos 4 enfermeiros com experiência e opinião sobre o assunto e é o resultado da reflexão de cada um que espelhamos nesta rubrica que aqui iniciamos.

 

A circular normativa nº 08/DSPSM/DSPCS de 25 de Maio de 2007 pode ser analisada segundo vários planos, entre eles, a sua necessidade, a sua utilidade, o seu conteúdo e a forma como “aparece”.

 

1. Haveria necessidade duma circular normativa sobre medidas preventivas de comportamentos agressivos / violentos de doentes – contenção física? Julgamos que sim. A prática de contenção física nas nossas instituições de saúde é relativamente comum. Pensamos que na maioria dos casos claramente justificada. Mas, admitindo que haveria uma minoria em que assim não fosse, uma circular pode ajudar a consciencializar todos os técnicos para a importância, sensibilidade e perigosidade deste acto. De facto, Mohr, Petti e Mohr (2003) num artigo de meta-análise relatam incidentes ocorridos com doentes em contenção: morte por asfixia, morte por aspiração, fractura ao nível do tórax, aumento súbito da produção de catecolaminas com repercussões ao nível cardíaco, potencialização dos efeitos secundários da medicação com psicotrópicos, embolias pulmonares e graves efeitos psicológicos. Aqui julgamos que a circular poderia ter sido mais pedagógica na sua introdução e posteriormente na fundamentação.

 

2. Quanto à utilidade, a existência duma circular pode ajudar a uniformizar critérios e técnicas de contenção, incentivar a discussão em torno dos direitos do doente, da responsabilidade dos técnicos de saúde, mas sobretudo das formas de prevenção, a identificação de factor (es) precipitante (s) interno (s) e/ou externo (s), os meios (in) existentes, as características do espaço, o acompanhamento necessário para intervir preventivamente. Estudos recentes mostram a eficácia da dinamização desta discussão na redução de estratégias de isolamento / contenção (Pollard, Yanasak, Rogers & Tapp, 2007). Também por isso julgamos que esta circular é bem-vinda.

 

Mas estarão os serviços / gestores disponíveis para essa discussão e adaptação para que a “evolução positiva das últimas décadas” se mantenha e se reforce? A afirmação de que “é fundamental que as instituições estejam dotadas de pessoal suficiente e com competências técnicas específicas, de forma a garantir a qualidade dos cuidados, nomeadamente enfermeiros, para acompanhar com segurança os doentes …” parece-nos importante. Um ratio correcto enfermeiro / doente diminuiria a probabilidade de episódios de agressividade e violência pelo doente e as agressões a “outros” incluindo os técnicos de saúde!

 

3. Relativamente ao seu conteúdo, gostaríamos de ter visto mais ênfase na prevenção das medidas de contenção. Destacar as técnicas comunicacionais parece ser relevante para os enfermeiros, reforçando a importância desta temática na formação graduada, pós-graduada e ao longo da vida. Pensamos que os enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica poderão ter um papel relevante como formadores para uma melhor identificação do doente, melhor gestão do stresse e ansiedade, treino da equipa na intervenção em crise, desenvolvimento duma equipa de intervenção em crise e discussão assídua e aprofundada da situação dos doentes em contenção ou isolamento. Noutros contextos medidas similares acompanhadas por um sistema de incentivos para a equipa de saúde permitiram uma diminuição acentuada nas medidas de contenção, sem o aumento de outros incidentes (McCue, Urcuyo, Lilu, Tobias & Chambers, 2004).

 

4. Desconhecendo a forma como esta circular foi discutida, como foram envolvidos os representantes dos cidadãos, os técnicos, as suas organizações representativas quer no momento da elaboração quer na sua redacção final e aprovação, parece-nos claro que a saída da circular sem o compromisso de maior envolvimento na formação, treino e desenvolvimento de estudos em torno das condições de internamento, não produzirá os efeitos desejáveis: melhor segurança e diminuição do número de contenções físicas e redução da duração das mesmas. A saída de legislação somente não será suficiente, como o confirmou um estudo recente na Finlândia, onde 15 anos após a saída de legislação nesta matéria o risco de se recorrer ao isolamento ou à contenção física não diminuiu (Keski-Valkama, Sailas, Eronen, Koivisto, Lonnqvist & Kaltiala Heino, 2007). Por outro lado, a discussão de normas mais pormenorizadas, com inclusão de medidas dissuasoras, metas e objectivos poderia ser sinónimo de maior participação / problematização / discussão desta temática. A Associação Americana de Enfermeiros de Psiquiatria aprovou recentemente (26 de Maio de 2007) a revisão das normas publicadas em 2000. Envolveu diversos fóruns de discussão, com inúmeros enfermeiros, com um painel de experts, tendo posteriormente o relatório final sido aprovado pelos órgãos sociais da associação. Mobilizou, consciencializou, formou. Certamente os doentes colherão os frutos. E por cá, como foi feito?

 

Embora não havendo evidências científicas da eficácia terapêutica desta intervenção, verificamos que a intervenção permite interromper e controlar o comportamento violento do indivíduo (Walsh & Randell, 1995). Por outro lado, alguma imprevisibilidade pode acompanhar este tipo de comportamentos agressivos / violentos.

 

Tornar a contenção física menos comum, menos danosa para o doente, família e técnicos de saúde, de forma a “que a pessoa doente ultrapasse com segurança a situação de crise” será certamente um objectivo de todos. Aguardemos os dados do registo nacional na Direcção Geral de Saúde.

 

José Carlos Santos

 

 Bibliografia

 

Keski-Valkama, A., Sailas, E.; Eronen, M.; Koivisto, A.; Lonnqvist, J. & Kaltiala-Heino, R. (2007). A 15-year national follow-up: legislation is not enough to reduce the use of seclusion and restraint. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 42(9): 747-752.

 

McCue, R.; Urcuyo, L.; Lilu, Y.; Tobias, T. & Chambers, M. (2004) Reducing restraint use in a public psychiatric inpatient service. The Journal of Behaviour health Services and research, 31(2): 217-224.

 

Mohr, W.; Petti, T. & Mohr, B. (2003). Adverse effects associated with physical restraint. Canadian Journal of Psychiatry, 48(5): 330-337.

 

Pollard, R.; Yanasak, E.; Rogers, S. & Tapp, A. (2007). Organizational and unit factors contributing to reduction in the use of seclusion and restraint procedures on an acute psychiatric inpatient unit. The Psychiatric Quartely, 78(1): 73-81.

 

Walsh, E. & Randell, B. (1995). Seclusion and restraint: what we need to know. Journal of Child and Adolescent Psychiatric Nursing, 8(1): 28-40..

 

 


 

 

A área da saúde é reconhecida, a nível nacional e internacional, como bastante vulnerável no domínio da violência/agressividade no local de trabalho, principalmente nas áreas onde os profissionais estão em contacto directo com o público e com casos de elevada ansiedade e stress.

 

Vários estudos referem que os enfermeiros são a classe profissional que mais se encontra exposta a actos de violência/agressividade e ainda que um serviço de urgência é dos locais onde se verificam maior número destes episódios. Actualmente, as pessoas vivem num frenesim, um corre – corre, num contra-relógio constante, implicando que todas as suas necessidades sejam urgentes e de imediata resolução.

 

Quando se dirigem a um serviço de urgência, como doentes ou como familiares/acompanhantes estão sujeitos a altos níveis de ansiedade, pedem e exigem eficiência e eficácia no atendimento e, fundamentalmente, rapidez, o que em determinadas situações se pode tornar contraproducente. Por outro lado, a equipe de saúde está sujeita a pressões, tanto profissionais como pessoais, além do grande número de doentes a cuidar, que os obriga a rápidas e eficazes respostas. Estes dois tipos de atitudes e comportamentos quando se encontram podem ser geradores de conflitos e agressividade.

 

A Organização Mundial de Saúde define agressividade como “todo o uso intencional de força física ou de poder, real ou ameaça, contra a própria pessoa, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que pode resultar em, ou tem alta probabilidade de resultar em morte, lesão danos psicológicos, alteração de desenvolvimento ou de privação.” Este é um tema que preocupa bastante todos os profissionais que no seu quotidiano contactam com doentes, em estado psicótico agressivo, tendo sido preocupação recente da Direcção Geral de Saúde, que em Maio de 2007 publicou a Circular Normativa nº 08/DSPSM/DSPCS sobre “Medidas preventivas de comportamentos agressivos/violentos de doentes – Contenção Física” a aplicar em hospitais do Serviço Nacional de Saúde e ARS, serviços locais e regionais de Saúde Mental, Instituto da Droga e Toxicodependência e unidades de cuidados pertencentes à Rede Nacionalde Cuidados Continuados Integrados.

 

Esta circular visa proteger o doente em estado psicótico de agressividade que se dirige a estes serviços, os profissionais que aí trabalham e também os outros doentes. “…torna-se necessário adoptar medidas de contenção, tendo em vista a sua protecção e a do meio envolvente…” .

 

A agressividade num doente pode surgir de uma forma inesperada. Logo que ela surja e, sempre que possível, deve ser tentada a realização de uma abordagem verbal como forma prioritária de contenção. Quando esta abordagem não for eficaz poder-se-á recorrer à contenção física, sempre com o objectivo de evitar danos à integridade física do doente, da equipe multidisciplinar, de outros doentes, bem como de danos materiais e patrimoniais da instituição.

 

A contenção física, quando não evitável, deve ser feita de forma adequada, sendo necessária a colaboração de cinco profissionais (quatro para imobilizar os membros e um para proceder à sua contenção), que coordenadamente, e o mais calmamente possível, procederão à imobilização do doente. Toda esta actuação deve ser realizada em local recatado, respeitando a privacidade do doente a imobilizar e protegendo também, desta forma, os outros doentes do contacto com a agressividade da situação. “Quando a situação clínica do doente é impeditiva… da administração de fármacos, poder-se-á recorrer à contenção física” O enfermeiro perante uma situação de agressividade inesperada, que o poderá ser considerada quase na sua totalidade, deverá actuar já que está a exercer o seu mandato profissional sobre a égide do Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro e do respectivo Código Deontológico. A decisão da imobilização não é tomada de ânimo leve, é uma decisão reflectida, tendo em consideração toda a avaliação da situação clínica do doente, respeitando a sua integridade física, a sua privacidade e a sua dignidade como pessoa.

 

No ponto 9 desta Circular Normativa podem encontrar-se dezoito itens referentes à vigilância e avaliação contínuas do doente, estando sempre inerentes a esta tomada de decisão os princípios éticos da profissão. A garantia da privacidade, a temperatura adequada e a conveniente ventilação do local onde é feita a contenção física; a contínua vigilância; a inexistência no local de objectos perigosos que possam por em causa a integridade física do doente; faixas de contenção devidamente apropriadas para a situação; camas com grades laterais como forma de protecção, apoio e segurança; enfaixamento dos membros superiores, inferiores e tórax; enfaixamento adequado prevenindo-se as lesões resultantes da fricção; vigilância dos sinais de alteração da circulação e perfusão dos tecidos, resultantes da compressão do enfaixamento, em intervalos regulares nunca superiores a 30 minutos, são normas obrigatórias a seguir durante a contenção física como forma de respeito pela integridade, a privacidade e a dignidade do doente como pessoa necessitada dos cuidados de enfermagem

 

Em todos estes itens estão necessariamente implícitas e inerentes as boas práticas dos profissionais. Esta contenção física deve ser limitada no tempo, privilegiando a contenção farmacológica ou outra, devendo para isso estar atenta toda a equipe de saúde, principalmente os enfermeiros por serem os mais presentes prestadores de cuidados. Todo este procedimento de contenção física terá obrigatoriamente de ficar registado, em todas as suas particularidades, no processo clínico do doente. Numa visão global, observando como se actuava antes e após Maio de 2007, ou seja, antes e depois da publicação da Circular Normativa, poder-se-á constatar que as boas práticas dos enfermeiros mantêm-se existindo agora um documento normativo que rege e legitima toda a actuação neste domínio.

 

Sendo esta uma temática em estudo já antiga, a publicação da circular normativa, vem reforçar as reflexões, contudo já se podem discernir algumas sugestões com o intuito de prevenir ou minimizar os actos de agressividade e a necessária contenção física:

 

– Dotar as instituições de recursos materiais e adequar estruturas físicas que permitam actuar conforme as orientações da Direcção Geral de Saúde;

 

– Diminuir tempos de espera nos serviços de urgência;

 

– Fornecer maior informação aos doentes familiares sobre os procedimentos a realizar e tempos de espera nos serviços de urgência;

 

– Melhorar segurança para doentes em estados psicóticos de agressividade;

 

– Implementação de momentos de reflexão, entre os profissionais de saúde, sobre esta temática,

 

– Aumento da formação e informação dos profissionais de saúde.

 

A contenção física deverá ser o último dos recursos na abordagem do doente em estado agressivo, privilegiando a contenção verbal e farmacológica. Perante esta situação, a imobilização física deve ser fruto de reflexão da equipe de saúde, tendo sempre em conta que os eventuais efeitos contraditórios dessa contenção para o doente serão sempre muito inferiores às eventuais lesões causadas a si próprio, a terceiros ou ao meio envolvente provenientes do seu estado de agitação e agressividade

 

As boas práticas devem estar presentes de modo a respeitar a integridade física do doente e também todos os seus direitos como pessoa humana.

 

Rita Fonseca

 
 

 


 

 

No passado dia 25 de Maio a Direcção-Geral da Saúde produziu uma Circular Normativa que tem como objectivo emanar normas relativamente a “medidas preventivas de comportamentos agressivos/violentos de doentes – contenção física”, para além de vários aspectos relativos ao assunto mencionado, faz várias referências aos enfermeiros, clarificando que os enfermeiros têm a competência necessária para dar inicio a medidas de contenção em situação de urgência, esta não é uma novidade para todos nós, no entanto sabemos que há quem se depare com dificuldades na tomada de decisão para adoptar medidas de contenção. Dificuldades que não são de ordem ética, dado que todos temos presente, por dever, a preservação do valor intrínseco e dignidade de cada pessoa, a promoção do maior bem, os direitos, deveres e objectivos de todos os participantes no processo de cuidar. Esta circular esclarece, aos que eventualmente ainda tinham dúvidas que quando está em risco a integridade física do doente ou de terceiros, o enfermeiro deve adoptar as medidas necessária para minimizar esse risco; esta responsabilidade era já assumida por todos nós há muitos anos e confirmada em forma de Dec.-Lei desde 1998 (Regulamento do Exercício da Profissão dos Enfermeiros e Código Deontológico do Enfermeiro). Enfatiza ainda a importância da avaliação das medidas de contenção ser efectuada pela equipa terapêutica, esta é já uma prática corrente nas equipas de saúde, embora nem sempre assumida formalmente. Analisando mais atentamente o documento, verificamos que logo na introdução se faz menção à necessidade de as instituições estarem dotadas de pessoal suficiente, com competências técnicas específicas, nomeadamente enfermeiros, para acompanhar os doentes, curioso!!! Perguntamo-nos se esta Direcção-Geral não faz parte do mesmo Ministério da Saúde que não está a renovar contratos a enfermeiros, promove a redução de enfermeiros nos serviços não atendendo às horas de cuidados necessárias para a prestação de cuidados, permite que haja enfermeiros no desemprego quando há unidades de saúde e populações que necessitam destes profissionais.

 

Quando faz referência a enfermeiros com competências específicas para lidar com episódios de agressividade, são certamente Enfermeiros Especialistas em Saúde Mental e Psiquiátrica, sabendo que houve um interregno de vários anos na formação de enfermeiros especialistas e que não são visíveis os esforços para recrutar estes profissionais, não estaremos na presença de mais uma declaração de boas intenções, uma vez que verificamos a sobreposição das razões económicas, ou antes economicista sobre as de ordem ás técnica. A circular apresenta um conjunto de normas, explicita o que se entende por contenção física, em que circunstâncias se deve adoptar este procedimento e o recurso a isolamento, regras a seguir na contenção física, alerta para a limitação no tempo destas medidas e necessidade de avaliação frequente pela equipa terapêutica, necessidade de consentimento informado (quando possível), bem como a importância de ter presente a Lei de Saúde Mental nos internamentos compulsivos, cria o registo nacional de episódios de contenção física. Este conjunto de normas não nos suscitam grandes questões de ordem ética, técnica ou legais, entendemos como útil a criação de um registo que nos permita conhecer a dimensão do problema a nível nacional, no entanto surgem-nos dúvidas de ordem operacional. Não basta emanar normas e criar registos para normalizar procedimentos, é verdade que o arsenal terapêutico tem vindo a ser cada vez mais eficaz no controlo das situações de agressividade e agitação, os meios técnicos permitem diagnósticos mais rápidos, os meios para contenção e isolamento disponíveis permitem evitar danos ao doente, os enfermeiros acompanham a evolução cientifica, no entanto é necessário que exista vontade efectiva, dotando os serviços com o número de enfermeiros necessários e preparação adequada, para que a circular normativa não seja letra morta.

 

As duas últimas linhas do documento fazem apelo à inscrição do processo de contenção física nas prioridades de formação dos profissionais de saúde, os enfermeiros têm demonstrado ao longo dos anos grande capacidade de adaptação desenvolvendo os seus percursos formativos de acordo com os desafios que se lhe apresentam, pelo que nas suas prioridades de formação inscreverão também outras estratégias que devem estar a montante deste procedimento limite.

 

Estamos certos que a DGS vai ser coerente na relação discurso/prática. Cá estaremos para aplaudir, se for caso disso.

José Carlos Januário

 


 

ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE

Nuno Edgar Carones Esteves
Enfermeiro – Hospital São João – Porto

Resumo:
O equilíbrio ácido base sendo uma temática muito específica, fornece contudo uma base de conhecimentos importantes para a compreensão de muitos processos patológicos. O enfermeiro deverá conhecer as bases fisiopatológicas e as alterações do equilíbrio ácido – base, para que possa adequar os cuidados prestados. Este documento tenta fazer uma abordagem teórica do conceito de pH, do equilíbrio ácido base e mecanismos de compensação e suas principais alterações.

 

Palavras-chave: Equilíbrio; ácido, base, pH

 

 


 

 

PROMOÇÃO DE ACTIVIDADE FÍSICA E PREVENÇÃO DE AVC*

 

Arménio Guardado Cruz
Profº Coordº ESEnf. Coimbra – Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

RESUMO
O AVC é a 1ª causa de morte em Portugal. Este problema, com reflexos a nível da autonomia do indivíduo, mas também com consequências relevantes a nível familiar, social e económico, deve-se a estilos de vida menos saudáveis. Normalmente associado às sociedades consideradas desenvolvidas, está frequentemente relacionado com um conjunto de factores de risco para os quais os portugueses têm estado pouco atentos como, por exemplo, a hipertensão, colesterol elevado, a obesidade, o tabagismo e o sedentarismo.
O tipo de alimentação e a inactividade física contribuem significativamente para esta realidade. Por isso, medidas de promoção de saúde, nomeadamente, a prática regular de actividade física, pode ser uma das estratégias que os profissionais de saúde e outros agentes, devem desenvolver para prevenir problemas vasculares cerebrais e, assim, contribuir certamente para a diminuição da morbilidade e mortalidade provenientes do AVC.

 

Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral; Actividade Física;

 

 


 

 

A PESSOA COM ESTOMA DE ELIMINAÇÃO INTESTINAL... QUE ENSINOS?

Ricardo Filipe de Sousa Correia

Licenciado em Enfermagem.

Resumo
Após a cirurgia, uma colostomia/ileostomia causa alterações na vida da pessoa a que é submetida à mesma. Para que esta possa adaptar-se à nova situação e fase da sua vida, são fundamentais os ensinos/orientações, que são da responsabilidade dos enfermeiros. Desta forma, a abrangência destes ensinos nas vertentes sociais, psicológicas e biológicas, é fulcral para a adaptação à situação, e condução para o autocuidado.

 

Palavras-chave: Estoma, Colostomia, Educação para a Saúde, Autocuidado.

 

 




SAÚDE MENTAL VERSUS SOCIEDADE
(Experiência Comunitária)


 

 

João Carlos Loureiro Marques
Licenciado em Enfermagem.
Pedro Filipe Nabais Neves Renca
Licenciado em Enfermagem, Mestre em Toxicodependência e Patologias Sociais.

RESUMO:
A Saúde Mental é deveras importante para o bem-estar dos indivíduos. Para estarmos em harmonia, as componentes biológica, psicológica e social têm de estar equilibradas. Pretendemos assim, analisar a influência da sociedade na Saúde Mental de cada um, referenciando também a experiência Serviço Comunitário (SC) do DPSM do HSM.

 

Palavras-chave: Saúde Mental; Indivíduo; Sociedade; Equilíbrio; Serviço Comunitário.
 




O SELF-MANAGEMENT NA PESSOA IDOSA EM CONTEXTO FAMILIAR E COMUNITÁRIO

 

 

Anabela Alexandre Nogueira Lopes
Licenciada em Serviço Social
Cátia Sofia Queirós Pereira
Licenciada em Enfermagem e Mestre em Ciências da Educação.
Pedro Miguel Dias Sequeira
Licenciado em Enfermagem e Mestre em Sociopsicologia da Saúde.
Sónia Clara Rosário André
Licenciada em Serviço Social.
Sónia Isabel Canelha
Licenciada em Enfermagem.

 

RESUMO:
Sentimos necessidade de pesquisar e realizar este trabalho sobre o self-management na pessoa idosa inserida num contexto familiar e/ou comunitário, por diversas razões:
Trabalho realizado entre duas classes profissionais, em equipa multidisciplinar e que veio proporcionar um aumento dos nossos conhecimentos e uma reflexão face a esta problemática;
Para melhor planearmos a intervenção adequada à pessoa idosa, enquanto sistema, proporcionando a sua auto-gestão em todas as suas actividades de vida na sua globalidade;
Desenvolver estratégias de intervenção no cuidar da pessoa idosa, promovendo o self-management;
Promover a reflexão perante a prática profissional.

Palavras-chave: Pessoa idosa, self-management, família e doença crónica.

 

 


 

 

A COMPLEXIDADE DA TOXICODEPENDÊNCIA

 

Paulo Rosário Carvalho Seabra
Licenciado em Enfermagem.

Resumo:
Trabalhar com toxicodependentes?
Respondo, procurando reflectir a essência dos cuidados de Enfermagem: A RELAÇÃO.
Os fundamentos dos cuidados são iguais para todas as pessoas. O privilégio de cuidar de um ser humano tem que, decididamente, ser assumido pelos enfermeiros.
A diferença está na percepção da complexidade desta problemática.
A forma de comunicar é fundamental, e para isto os enfermeiros são bem preparados. Reflectir sobre o “cuidar” é a forma de percebermos a importância do que fazemos e da sua especificidade.

Palavras-chave: Toxicodependência, relação de ajuda, droga.

 

 


 

 

FACTORES PREDISPONENTES DO CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOACTIVAS EM ENFERMEIROS

 

Nuno Miguel Catela Correia
Licenciado em Enfermagem.

 

RESUMO

 

Como profissionais de saúde e por inerência da nossa formação pós-básica encontramo-nos sensibilizados de forma particular para questões relacionadas com a saúde mental, condições de trabalho, problemas dos trabalhadores e papel da organização na promoção da saúde dos trabalhadores. Assim a nível profissional, os profissionais de saúde nomeadamente os enfermeiros, têm sido confrontados de forma repetida com problemas de saúde física e mental resultantes do desgaste que o stress e burnout induzem na sua vida, associados a um provável consumo excessivo de café em muitos casos associado a álcool, tabaco, medicamentos ou até outro tipo de substâncias psicoactivas.

 

Palavras-chave: Enfermagem; Stress; Burnout; Substâncias psicoactivas

 

 


 

 

DOENÇA DE ALZHEIMER E CUIDADORES INFORMAIS

 

Sandra Cristina Gonçalves
Licenciada em Enfermagem.

 

Resumo:
Com este artigo pretendo levar os enfermeiros a reflectir sobre a problemática do cuidar de um doente com Alzheimer.
Quando um indivíduo fica doente, a família assume a responsabilidade de cuidar do seu membro. Com a evolução da doença de Alzheimer o familiar afectado torna-se cada vez mais dependente daqueles que o rodeiam. Esta situação acarreta enormes esforços, quer a nível físico, quer a nível psicológico, especialmente por parte do indivíduo que assume o papel de cuidador.

 

Palavras-chave: Doença de Alzheimer; Família; Cuidador informal; Cuidar

 

 


 

 

CUIDAR DA PESSOA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA

 

Sílvia Manuela Pação Alminhas

 

INTRODUÇÃO
A enfermagem tem evoluído, ao longo do tempo, redefinindo-se continuamente e adaptando-se às exigências deste mundo em mudança permanente. Esta redefinição continua da enfermagem tem por objectivo, entre outros, a conquista de uma identidade própria e autonomia.
Por definição, enfermagem de urgência é a prestação de cuidados a indivíduos, de todas as idades, que apresentem alterações de saúde física ou psíquica, percepcionadas ou reais, não diagnosticadas ou que necessitem de outras intervenções. A enfermagem de urgência é um misto complexo de capacidades, experiência, saber personalizado. Em nenhuma outra área de enfermagem se espera do enfermeiro tantos conhecimentos “do berço ao túmulo”, sobre a fisiopatologia da doença, inovações tecnológicas mais recentes de equipamento, monitorização, tratamento e simultaneamente um papel de defensor do doente e família, segundo SHEEHY´S (2001).

 

 


 

 

ORGANIZAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS EM EMERGÊNCIA

 

António José Santos Costa
Licenciado em Enfermagem.
Maria Manuela C. Silva Costa
Licenciada em Enfermagem.

 

RESUMO

 

O sucesso da Reanimação requer Ressuscitação Cardiopulmonar imediata (compressões e ventilação) e desfibrilhação precoce.
Os cuidados numa situação de emergência exigem rapidez, eficiência, conhecimento científico e habilidade técnica, a capacidade dos elementos da equipa, a coordenação entre eles, bem como a estrutura física e os meios técnicos disponíveis, contribuem para melhorar o desempenho dos profissionais e consequentemente para melhorar o atendimento aos doentes em risco de vida. O equipamento de reanimação deve estar disponível e funcional, para uso imediato. Numa situação de emergência há necessidade de organizar em reduzido espaço de tempo, meios técnicos e humanos, de modo a responder prontamente e sem atrasos procurando restabelecer as funções vitais deixando o mínimo de sequelas possíveis, pois é suposto que os cuidados emergentes, e especialmente a reanimação, deve restaurar o processo de vida e não prolongar o processo de morte.

 

Palavras-chave: Carro de emergência; organização da equipa em emergência; normas de actuação; ressuscitação cardiopulmonar; conteúdo do carro de emergência; uniformização.